Bebês reborn e o batismo que virou polêmica: entre fé, afeto e fron…Ver mais
O Universo dos Bebês Reborn: Entre o Amor, a Terapia e a Polêmica
Bonecas Que Parecem Reais
Bonecas hiper-realistas que se confundem facilmente com recém-nascidos de verdade. Assim são os bebês reborn, que deixaram de ser apenas itens de colecionadores para se tornarem parte da vida de milhares de pessoas no Brasil.
Feitos à mão, esses bonecos impressionam pelos detalhes minuciosos: pele com textura real, veias aparentes, peso semelhante ao de um bebê, cheirinho de talco e até dispositivos que simulam batimentos cardíacos e sons respiratórios.
Muito Além de Brinquedos
Cuidado, Afeto e Vínculo Emocional
O que poderia ser apenas uma peça de arte se transforma, para muitos, em uma experiência afetiva profunda. Donas e donos de bebês reborn:
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Escolhem nomes
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Compram enxovais
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Simulam rotinas de cuidado, como alimentar, trocar fraldas e dar banho
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Promovem encontros, sessões de fotos e até aniversários simbólicos
Esse universo sensível, muitas vezes terapêutico, ultrapassa o conceito de brinquedo e toca diretamente no campo das emoções humanas.
A Polêmica do Batismo
A Igreja, a Fé e o Limite Entre Realidade e Simbolismo
O debate ganhou proporções nacionais após o padre Chrystian Shankar recusar um pedido inusitado: o batismo religioso de um bebê reborn. Sua resposta, carregada de ironia — “procure um psicólogo, um psiquiatra ou o fabricante da boneca” —, viralizou nas redes sociais.
A fala dividiu opiniões:
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Para alguns, foi uma resposta sensata, que estabeleceu limites claros entre fé e fantasia.
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Para outros, soou como deboche e reforçou o preconceito contra práticas emocionais válidas, muitas vezes ligadas à superação de traumas, luto ou solidão.
O Que Dizem os Especialistas
Entre Terapia e Fuga da Realidade
A psicóloga Rita Calegari defende que os reborns podem ser aliados importantes no enfrentamento de situações emocionais, como ansiedade, perdas e quadros de depressão. “Eles oferecem conforto simbólico e preenchem vazios afetivos”, explica.
Por outro lado, o psiquiatra Alaor Neto faz um alerta: é essencial avaliar quando o apego ao boneco passa de um apoio emocional saudável para um distanciamento da realidade. “Tudo depende do contexto e do grau de dependência emocional envolvido”, afirma.
Julgamentos, Preconceitos e Reflexões
Por Que Ainda Causa Estranhamento?
O episódio reacendeu discussões sobre os estigmas sociais em torno do que é considerado um “hobby aceitável”. Afinal, por que mulheres adultas com bonecas hiper-realistas são alvo de olhares tortos, enquanto colecionadores de carrinhos, games e action figures são vistos com naturalidade?
Essa reflexão vai além dos bebês reborn. Ela toca em temas como:
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O machismo estrutural, que julga hobbies femininos mais do que os masculinos
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A dificuldade da sociedade em lidar com expressões de afeto que fogem do convencional
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O preconceito contra práticas terapêuticas que não são bem compreendidas
Mais Que Bonecas: Um Espelho das Emoções Humanas
No final, os bebês reborn são muito mais do que bonecas. Eles revelam dores, afetos, ausências, e o quanto ainda precisamos evoluir como sociedade para aceitar diferentes formas de expressar amor, acolhimento e cuidado.
O debate segue — nas redes, nos consultórios, nas igrejas e, principalmente, dentro de cada um de nós.